
Gestores: Você pode compartilhar conosco como foi sua jornada em grandes operadoras como Vivo, Claro e GVT, e de que forma essas experiências influenciaram a criação da SA Engenharia?
Simei: Minha trajetória profissional teve início há mais de 20 anos no setor de telecomunicações, atuando inicialmente em uma operadora de telefonia móvel. Com o tempo, migrei de funções administrativas e comerciais para áreas mais técnicas, aprofundando meus conhecimentos em tecnologias de transmissão e engenharia de redes.
Passei por grandes operadoras do país, como Claro, Vivo e GVT, onde tive a oportunidade de liderar equipes, gerenciar operações regionais e trabalhar com diversas tecnologias – desde TDMA e GSM até redes de fibra óptica e HFC. Esse período foi essencial para meu desenvolvimento técnico, gerencial e estratégico.
Com uma atuação sempre voltada para soluções técnicas mais elaboradas, decidi formalizar minha formação, graduando-me em Engenharia Elétrica com ênfase em Telecomunicações e especialização em Redes Ópticas pelo Inatel.
Toda essa bagagem técnica, somada ao desejo de empreender, levou à criação da SA Engenharia em 2016. A empresa nasceu com o propósito de projetar, implementar e entregar soluções inteligentes em telecomunicações, promovendo o acesso à tecnologia em diferentes regiões do país. Minha experiência acumulada ao longo dos anos fortaleceu os pilares da SA Engenharia: excelência técnica, gestão eficiente e compromisso com a inovação.
Gestores:Como você descreveria o perfil da SA Engenharia e quais os principais diferenciais competitivos que a consolidam como referência junto a provedores de internet no Brasil e América Latina?
Simei:  A SA Engenharia é uma parceira estratégica em soluções inteligentes para os setores de telecomunicações e tecnologia. Nosso principal produto é o Turn key Inteligente, que se diferencia substancialmente do modelo tradicional disponível no mercado.
Enquanto o Turn key convencional se limita à entrega de pacotes fechados de produtos e serviços, o modelo da SA Engenharia vai muito além: agregamos inteligência e estratégia desde o início do processo. Realizamos uma análise completa de viabilidade técnica, financeira e comercial do mercado em que o cliente deseja atuar. Avaliamos o potencial de escala do projeto, as barreiras de entrada da região e as oportunidades locais.
Nosso time atua de forma integrada com os departamentos do cliente. No comercial, avaliamos a capacidade de expansão e a força de vendas para garantir o crescimento sustentável do projeto. No técnico, analisamos se há estrutura e profissionais capacitados para atender às demandas com agilidade. No marketing, contribuímos com estratégias de lançamento e posicionamento da nova operação, cidade ou rede.
Esse processo de imersão nos permite entregar mais do que infraestrutura. Entregamos inteligência aplicada, projetos otimizados e acompanhamento próximo, assegurando que nossos clientes tenham base sólida para escalar com segurança, eficiência e sustentabilidade.
A SA Engenharia não entrega apenas redes – entregamos crescimento estruturado.
Gestores: Como você avalia que a recente medida da Anatel para combater a concorrência desleal pode impactar o modelo de negócios dos provedores de internet no Brasil e o mercado como um todo?
Simei: Essa é uma medida que considero necessária e estratégica para o setor. Atualmente, o mercado de telecomunicações conta com provedores de internet que atuam de forma correta, cumprindo suas obrigações fiscais, operacionais e regulatórias. No entanto, ainda observamos a presença de operações que não seguem os mesmos padrões, praticando preços que, na prática, não sustentam os custos reais de uma operação regularizada.
Muitos desses serviços são ofertados com valores que, ao serem analisados sob a perspectiva de custos — como impostos, infraestrutura, pessoal, ocupação de postes e demais encargos — tornam-se financeiramente inviáveis. E isso gera um desequilíbrio no mercado. O consumidor, muitas vezes, se atrai por preços mais baixos, sem compreender que esses valores não refletem uma estrutura sustentável de operação.
Essa nova realidade tende a impactar principalmente os provedores que atuam exclusivamente com tickets baixos e que não mantêm uma estrutura em conformidade com as exigências do setor. É provável que essas operações enfrentem dificuldades de continuidade, o que trará um movimento de consolidação no mercado.
Por outro lado, essa mudança representa uma grande oportunidade para os ISPs que já operam de forma estruturada e responsável. Com o ajuste natural do ticket médio, será possível equilibrar os custos envolvidos, garantindo saúde financeira, capacidade de escala e sustentabilidade a longo prazo.
Além disso, esse cenário abre espaço para o surgimento de novos players mais preparados e comprometidos com a conformidade regulatória e a qualidade dos serviços prestados. Em médio e longo prazo, esse movimento será altamente positivo para o mercado de ISPs no Brasil, promovendo profissionalização, estabilidade e crescimento contínuo do setor.
Gestores: Quais desafios você identifica que os provedores de internet enfrentam diante de práticas desleais de concorrência e de que forma acredita que esses provedores podem se preparar para atuar em um ambiente regulado e mais equilibrado?
Simei: Acredito que, um dos principais desafios enfrentados atualmente pelos provedores de internet é a sustentabilidade financeira de suas operações. Para aqueles que atuam de maneira regular — cumprindo obrigações fiscais, mantendo licenças em dia e respeitando as normas do setor — a manutenção da base de clientes e o equilíbrio econômico têm se tornado tarefas cada vez mais complexas.
Existe uma necessidade real de revisão do ticket médio praticado pelos ISPs. O valor de R$ 99,90, que no passado era considerado saudável, já não cobre adequadamente os custos operacionais de uma operação regularizada. Diante desse cenário, muitos provedores buscam soluções em Serviços de Valor Agregado (SVA) — como câmeras de segurança, streaming, TV e outras tecnologias — como forma de justificar reajustes nas mensalidades e agregar valor à oferta para seus clientes.
Enquanto as grandes operadoras realizam correções de preços de forma periódica e sistematizada, muitos ISPs de menor porte enfrentam concorrência desleal de empresas que praticam preços inviáveis, como R$ 39,90, o que compromete a percepção de valor do mercado. Sabemos que, se R$ 99,90 já representa um desafio, valores significativamente abaixo disso não sustentam um serviço de qualidade e regularidade.
Com base na experiência prática em diversas operações pelo país, consideramos que o ticket médio para um serviço de internet — sem agregados — deveria estar, no mínimo, na faixa de R$ 129,90, refletindo os custos reais de uma operação estável, eficiente e em conformidade com a legislação.
A expectativa é que as novas medidas regulatórias e ações contra práticas desleais tragam uma reestruturação no setor. Essa “chacoalhada” no mercado deve beneficiar diretamente os provedores que sempre atuaram de forma ética, permitindo que ganhem fôlego financeiro, aumentem seus tickets de maneira transparente e cresçam de forma sustentável.
Nesse novo cenário, os Serviços de Valor Agregado devem cumprir seu verdadeiro papel: não apenas servir como um argumento para justificar aumentos, mas de fato agregar valor à operação e ampliar a receita dos provedores de forma estratégica.
Acreditamos que essas mudanças são necessárias. Elas abrirão espaço para que empresas sérias e comprometidas com a qualidade do serviço prosperem, reforçando sua presença no mercado e contribuindo para a evolução do setor de telecomunicações no Brasil.
Gestores:Olhando pra frente, com essa nova postura da Anatel, que oportunidades e áreas de crescimento você acredita serem viáveis para provedores de pequeno e médio porte, e de que forma a SA Engenharia pretende contribuir para esse desenvolvimento?
Simei: O mercado de telecomunicações no Brasil já vivencia um processo acelerado de consolidação, marcado por diversas fusões e aquisições — os chamados M&As. Esse movimento tem gerado uma concentração significativa de base de clientes em poucos players, o que transforma a dinâmica do setor e abre novas oportunidades estratégicas.
Esse cenário, embora desafiador, representa uma excelente oportunidade para os provedores regionais que desejam expandir suas operações. Grandes aquisições nem sempre garantem fidelização dos usuários, especialmente quando o atendimento se torna mais automatizado e impessoal. Nesse ponto, os provedores locais ganham vantagem competitiva ao oferecerem um relacionamento mais próximo, atendimento mais humanizado e agilidade na entrega de soluções, sem os entraves burocráticos típicos das grandes corporações.
A SA Engenharia tem se posicionado como uma verdadeira aceleradora de crescimento para provedores de pequeno e médio porte. Por meio de projetos robustos e soluções completas, temos impulsionado a expansão orgânica dessas empresas de forma estruturada e escalável.
Acreditamos que, paralelamente ao movimento de consolidação, haverá também um avanço expressivo dos ISPs regionais que optarem por crescer de forma orgânica, sustentável e com velocidade. Para isso, é fundamental investir em uma estratégia comercial bem definida, equipes de vendas e instalação de alta performance, ações de marketing direcionadas e, sobretudo, na construção de redes com eficiência técnica, conformidade regulatória e inteligência de mercado.
É exatamente nessa frente que atuamos. A SA Engenharia oferece toda a expertise necessária para que esses provedores ampliem sua atuação com solidez — adotando o tíquete médio adequado, mantendo suas obrigações legais em dia e garantindo um crescimento contínuo, estruturado e saudável.
Nosso compromisso é seguir apoiando o desenvolvimento de um setor mais profissional, competitivo e alinhado com as demandas de um mercado em constante transformação.